Luís Farinha foi educador por uma manhã e deu uma aula diferente aos alunos do Jardim de Infância de Rãs

Os alunos do Jardim de Infância de Rãs tiveram na passada sexta-feira, dia 10 de março, uma aula diferente, uma aula que teve como cenário um pinhal envolvente à escola.
O objetivo foi o de dar a conhecer uma lenda, a lenda do Senhor dos Caminhos, contada pelo Luís Farinha, um cidadão e empresário com um estabelecimento comercial, Restaurante e Pizaria Floresta Doce, situado nas imediações do Jardim de Infância.
Recorde-se que o Luís farinha, já este ano letivo, desenvolveu uma outra iniciativa, confeção de pão, junto dos alunos da escola de Rãs.
Esta atividade, inserida no objetivo global de conhecer as histórias materiais e imateriais da terra, foi toda ela idealizada pelo Luís Farinha, que para o efeito construiu um cenário de uma habitação e ele próprio, que foi o narrador, o ator, se vestiu de idoso e acompanhado pela sua viola foi envolvendo os alunos do Jardim num contexto de magia e de sonho.
Mas para além da história, no final da atividade, Luís Farinha ainda ofereceu biscoitos aos alunos do Jardim Infância de Rãs.
Deixamos de seguida a história integral da lenda da construção do santuário de Nosso Senhor dos Caminhos, que foi contada aos alunos, cuja autoria é do Luís Farinha, sob o título “A Bouça da Pega”.
A Bouça da Pega
«Em Rãs, freguesia de Romãs, e concelho de Sátão, o lugar atualmente chamado “Relva”, situado a cerca de 800 metros do santuário de Nosso Senhor dos Caminhos, noutros tempos (bastantes por sinal), chamar-se-ia “Bouça da Pega”.
Nesse lugar morava (numa enorme casa) uma família de gente muito rica. Entre os oito filhos que essa família tinha havia um que era mais desprezado pelos pais. Trabalhava nas terras durante o dia e no fim, às escondidas deles, fugia para uma lindíssima lameira que se situava onde hoje está o santuário de Nosso Senhor dos Caminhos.
Ele gostava daquele lugar, não só pela paz e tranquilidade que lhe trazia mas também porque era por lá que passavam os peregrinos que vinham de toda a zona centro do país e seguiam para a Senhora da Lapa ou para Lamego. Seus pais não gostavam desta atitude do seu filho, ralhavam-lhe e até lhe batiam, proibindo-o de tomar tal atitude, pois eles entendiam que aquilo não lhes trazia benefício nenhum. Mas o filho, às escondidas, gostava de receber bem os peregrinos, com água fresca ou alimentos e até lhes acendia uma fogueira quando estava frio. Ele gostava de indicar aos peregrinos o caminho que deveriam seguir de ali em diante e mesmo que eles já o soubessem ele indicava-lhes de novo o caminho para que não restassem dúvidas. Todos os peregrinos gostavam de por ali passar pois sabiam que encontrariam ali aquele jovem, pessoa tão amável para eles.
Passados alguns anos e quando de novo era altura dos peregrinos por lá passarem, no local onde costumavam encontrar o jovem encontraram um nicho que ali tinha sido erigido. Não foi difícil, para eles, perceberem que ali teria morrido alguém, e rapidamente ficaram a saber que aquele jovem amável ali apareceu morto.
Com o passar do tempo, com tanta tristeza e com a falta que os peregrinos sentiam daquele jovem os peregrinos começaram a comentar que aquele não era um jovem qualquer, que aquele jovem amável era simplesmente Jesus, o Nosso Senhor dos Caminhos.
E foi assim que começaram as romarias àquele lugar onde eram ofertadas moedas de ‘rei’ e esmolas diversas.
E foi, pois, com essas ofertas, que aquela família que morava na “Bouça da Pega” que começou por fazer crescer o que é hoje o lindíssimo santuário de Nosso Senhor dos Caminhos, pois o filho que eles tanto desprezaram tinha-lhes ensinado uma grande lição de amor e os fizera arrepender, para que descobrissem que também eles precisavam de aprender o caminho de Nosso Senhor dos Caminhos.»