Em Sernancelhe: "Visões de um olhar" - um livro de poesia, de Regina Coelho, que apresentei com prazer

Teve lugar na biblioteca de municipal de Sernancelhe, no dia 18 de outubro, a apresentação do livro de poesia, de Regina Coelho, "Visões de um olhar".
Convidado pela autora a apresentar esta sua incursão na poesia, numa edição da Chiado Editora, acedi e foi para mim um grato prazer poder partilhar a minha leitura da obra com os convidados da autora que encheram a sala Aquilino Ribeiro, da biblioteca.
Intervieram também nesta apresentação o vereador da cultura da câmara de Sernancelhe, a representante da editora e encerrou a autora.
Aqui deixo alguns extratos do guião que elaborei para a apresentação do livro que não tendo respeitado integralmente me serviram de orientação:
«...Falar da poesia da Regina Coelho é tão só falar das coisas da vida. Falar de olhares, de visões de mulheres (e por que não de homens?) sobre o tudo e sobre o nada com que os seres em deriva se confrontam. Confrontos, tantas vezes, quase sempre, em silêncio, em intimidade, outras tantas, os confrontos são públicos e com os ruidosos códigos cifrados utilizados por esta hipócrita sociedade.»
«“Visões de um olhar” é assim, pois, como que um vulcão de sentimentos maturados e mastigados, ao longo do tempo, dos anos, mas que de repente a efervescência da lava rubra expele para o cosmos, para todo o universo. Ela não quer os sentimentos, mais, só para si. Quer que eles sejam para nós.
E eis que eles aqui estão. Ei-los, os versos da vida, os poemas do viver. Ei-las, as palavras da dor e do amor, as rimas da alma quente e do querer, mas também as vozes do paradoxo.»
«Mas a Regina também não esquece a sua teluricidade. Direi, mesmo, que ela está umbilicalmente ligada ao seu terroir, ao seu solo fértil, à sua terra chã.
Ferreirim, Riodades, Sernancelhe são topónimos que ela não resistiu em integrar neste “Visões de um olhar”, que ela não resistiu em cantar nos seus cantos. E isto não significa nada ou significa tudo?
Creio que significa tudo. Este livro “Visões de um olhar” é também, portanto, uma exaltação dos seus alicerces telúricos, circunstanciais com certeza, mas alicerces que matriciam o seu viver, o seu ser.»
«E Aquilino Ribeiro? E a Banda Filarmónica de Ferreirim? São também muito mais do que o seu significado. São palavra, música, linguagem. São a universalidade libertadora de alguém que estando aqui, aqui sendo e aqui se cumprindo, daqui parte, daqui foge permanentemente, aqui regressa sempre. Aqui faz porto de abrigo e porto de partida. Aqui se encerra na sua concha, aqui busca e daqui parte em busca dos seus objetos poéticos.
É uma demanda permanente. É fuga e um regresso constante. Constantemente em confissões e em audições à sua alma. Aos seus recônditos labirintos da saudade e do querer.»
«...Mas a sua condição de mulher, é de uma mulher cumprida, de uma mulher inteira. E, portanto, não poderia deixar de passar por aqui a sua condição de mulher mãe. E passa, quando os filhos, “meus filhos”, são elevados a poema, a corpo, a viver, a inspiração.»
«Os poemas estão todos ao serviço da sua verdade mais profunda, da sua expressão mais cristalina provindo todos da sua alma inteira.»