Assis quer primárias para escolher candidato socialista a PM

(Agência Financeira - 22.06.2011) - «O candidato à liderança dos socialistas Francisco Assis quer que o PS seja o primeiro partido em Portugal a escolher os candidatos a primeiro-ministro, deputados e autarcas em eleições primárias abertas à sociedade.
Francisco Assis referiu, em declarações à Agência Lusa, que este ponto de «ruptura na orgânica de funcionamento dos partidos» faz parte da sua moção de estratégia para as eleições directas no PS, que se realizam a 22 e 23 de Junho.
Na sua moção de estratégia, que será entregue formalmente quarta-feira, Francisco Assis propõe que os socialistas portugueses tenham como paradigma de escolha de candidatos o modelo norte-americano, sobretudo o dos Democratas.
Nas eleições primárias norte-americanas, todos os cidadãos, independentemente de estarem ou não filiados, podem registar-se em cada Estado para participar na escolha dos candidatos do seu partido de simpatia, incluindo a do candidato a presidente dos Estados Unidos.
Em Portugal, a escolha de candidatos dos partidos a cargos locais ou nacionais é feita pelos órgãos partidários, que por sua vez são eleitos por militantes.
No caso do PS e do PSD, os militantes escolhem por voto directo os líderes do partido e os dirigentes distritais, sendo os restantes órgãos eleitos por delegados em congresso.
Francisco Assis propõe agora que haja primárias abertas à sociedade na escolha dos candidatos do PS a primeiro-ministro, deputados e presidentes de câmara, entre outros cargos.
«Quero criar um sistema que enfraqueça ao máximo os sindicatos de voto, que são uma doença em todos os partidos», justificou o candidato à liderança do PS.
Interrogado se propor este sistema não lhe poderá retirar votos entre os militantes socialistas, uma vez que pretende retirar-lhes poder de influência, Assis respondeu que «quem quer ser secretário-geral tem de dizer o que pensa».
Acentuou ainda que não quer «ganhar as eleições no PS a qualquer preço», porque diz querer «uma mudança real».
Outro ponto da moção que Francisco Assis entrega quarta-feira relaciona-se com a ideia de «políticas públicas activas com respeito pela lógica de funcionamento do mercado» - ponto que o candidato socialista considera «decisivo para a reconquista da confiança das classes médias».
Em sectores como saúde, educação, segurança social e ciência, as políticas públicas são considerada «essenciais, mas não concorrentes do mercado», nessas mesmas áreas.
A moção de estratégia de Francisco Assis teve entre os principais colaboradores Rui Pena Pires, sociólogo, João Galamba, deputado, Filipe Nunes, ex-chefe de gabinete de ex-ministro da Defesa, Augusto Santos Silva) e Manuel Pizarro, ex-secretário de Estado da Saúde.»
(Foto: dn.pt)