(Opinião) A irresponsabilidade do silêncio e do chumbo do PEC IV

Não havia uma única razão, uma única boa razão, para que esta crise tivesse sido provocada.
Ainda assim ela foi provocada. Ainda assim as oposições não hesitaram um segundo que fosse para se oporem, não ao PS, mas a Portugal e aos portugueses.
E estão à vista os resultados. Está à vista de todos a suprema frieza e a irresponsabilidade dos partidos da direita e da esquerda radical.
Todos mostraram desprezo pelo valor maior: pelo valor da estabilidade com responsabilidade.
E se uns gritaram, contestaram e chumbaram um programa que as instâncias europeias aprovavam, outros houve que, com aquela cara séria, grave e seca, também falaram, mas através de um enorme e ruidoso silêncio.
Todos sem sentido de estado, todos com uma enorme irresponsabilidade política.
E o que temos agora?
Temos precisamente aquele programa que as oposições, todas as oposições institucionais, chumbaram a ser colocado pela Comissão Europeia como base de trabalho para a negociação da ajuda externa, só que agora numa situação mais frágil e difícil.
E é aqui que se concentra toda a hipocrisia e cinismo políticos. Então aquele PEC que foi chumbado na Assembleia e que é o mesmo que agora está na base do pedido de ajuda recebe o apoio do PSD.
Caiu-lhes a máscara. O que eles queriam era o tal assalto ao “pote”.
Se da esquerda nada vem, nunca nada veio a não ser fazer do não um modo de vida e parasitar a desgraça alheia, da direita o que vem é fazer do não um código de conduta, é um não, que também ele é um programa, mas um programa e um projecto liberal para desmantelar aquelas conquistas sociais que os portugueses tantos anos levaram a implementar.
Chegou, pois, a hora de fazer opções. Entre quem quer levar a irresponsabilidade e uma agenda liberal para o Governo e entre quem quer defender Portugal sem transigir com as conquistas básicas.
E o PS e José Sócrates já demonstraram que estão em condições de conseguir esta segunda alternativa, como ficou mais uma vez demonstrado no Congresso.
Tem um partido com história e identidade, tem os socialistas a apoiá-lo, tem os ex-lideres todos com ele e tem uma estratégia e um projecto claro para levar a votos ao contrário do PSD que se esconde atrás dos arbustos, para citar Sócrates, para não apresentar qualquer ideia para Portugal.
No PS, com outdoors ou sem eles, ninguém tem vergonha de tirar uma fotografia com o seu líder, com José Sócrates, ao contrário de outros partidos em que houve e há ex-líderes que se recusaram e recusam a aparecer na fotografia com Passos Coelho e que fogem das listas do PSD como o diabo foge da cruz.